Um levantamento inédito realizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) elegeu o aeroporto de Salvador, na Bahia, como o mais sustentável do Brasil. A pesquisa ‘Aeródromos Sustentáveis’, avaliou a operação de aeroportos de todas as regiões do país. Para definir a classificação de cada um deles foram considerados diversos critérios como a gestão de resíduos, redução das emissões de poluentes atmosféricos, gerenciamento do consumo de água e uso eficiente de energia elétrica. De acordo com a pontuação alcançada, os aeródromos foram categorizados nos níveis inicial, intermediário e avançado quanto à realização de ações sustentáveis. Nesse contexto, o Salvador Bahia Airport conseguiu a mais alta classificação, devido a iniciativas que vem realizando nos últimos anos.
Considerado um dos dez aeroportos mais movimentados do país, o Salvador Bahia Airport é administrado desde 2018 pela operadora internacional Vinci Airports. A empresa, que atua em vários países do mundo, assumiu o compromisso de reduzir o impacto ambiental dos empreendimentos da sua rede. Dessa forma, ao apresentar a proposta para assumir a concessão do aeroporto de Salvador, em 2017, a operadora já havia previsto investimentos nessa área no plano de negócios feito para o empreendimento, como explica o gerente de Meio Ambiente do Salvador Bahia Airport, Rodrigo Tavares.
“Assim que fomos anunciados como vencedores do leilão, começamos a desenhar uma política ambiental para o Aeroporto de Salvador. Ela tem como base a AirPact, estratégia ambiental global da Vinci Airports, que tem metas ambiciosas para serem atingidas até 2030, como reduzir o consumo de água e energia pela metade e não dispensar resíduos em aterros sanitários”, ressalta.
Para reduzir as emissões de carbono geradas pela operação do aeroporto de Salvador, foram adotadas diversas medidas com o objetivo de otimizar o consumo de energia elétrica do local. Entre elas, a substituição das lâmpadas comuns por unidades de LED, troca de equipamentos antigos por modelos modernos que consonem menos energia e implantação de um sistema automatizado para promover a climatização dos ambientes e de sensores de movimento para o acionamento de alguns equipamentos. Também foi inaugurada recentemente uma usina de geração de energia solar composta de 11 mil painéis fotovoltaicos e capacidade instalada de 4,2 kWp. De acordo com Tavares, as soluções de eficiência energética permitiram a ampliação do terminal do aeroporto em 22 mil metros quadrados sem aumentar a demanda de energia do empreendimento.
“Todas essas ações permitiram que a gente ampliasse a área do terminal de passageiros em 34% sem ampliar o consumo de energia na mesma proporção”, afirma o gerente de Meio Ambiente, destacando que ainda não foi possível mensurar com exatidão a economia obtida, por este ser o primeiro ano após a reestruturação.
Além dessas ações, o aeroporto também desenvolve atividades voltadas para o uso racional de recursos naturais e a proteção à biodiversidade. O primeiro projeto realizado nesse sentido foi a implantação de uma nova estação de Tratamento de Efluentes (ETE) para possibilitar o reúso de água para fins não nobres. Para reduzir o consumo, também foram instalados arejadores nas torneiras das pias, que permitem a utilização do equipamento com a redução de 70% da vazão. As medidas visam contribuir para a meta da administração do aeródromo de reduzir pela metade o consumo de água até o ano de 2030.
A gestão de resíduos sólidos também foi outra prática adotada no local, que produz até 1300 toneladas de lixo por ano. Para dar a destinação ideal a esses insumos, foi criada uma Central de Resíduos que coleta, classifica e envia o lixo para a reciclagem ou para a utilização em processos produtivos como a geração de energia e cimento.
Outro projeto desenvolvido pelo aeroporto visa à proteção da fauna da região em que está instalado. Por meio de uma licença para manejo da fauna, foi realizada a identificação de mais de 200 espécies de aves. Os animais são capturados de forma segura, passam por atendimento veterinário e são posteriormente reintegrados à natureza em locais licenciados. Segundo a administração do aeroporto, além de preservar as espécies, a ação permitiu também a redução de colisões com aeronaves em 80%, aumentando a segurança das operações.
A adoção desses procedimentos rendeu ao aeroporto de Salvador outros reconhecimentos, além do concedido pela Anac. O empreendimento recebeu a Certificação de Acreditação em Carbono e o título de ‘Aeroporto Verde’ pelo Conselho Internacional de Aeroportos para a América Latina e Caribe (ACI – LAC). O Salvador Bahia Airport também é o primeiro do país a ter uma usina solar e a ser reconhecido como aeroporto Zero Aterro Sanitário e Zero Efluentes. O mais recente título, segundo Rodrigo Tavares, reflete o compromisso ambiental assumido pela administração do aeroporto.
“Estamos muito felizes com esse reconhecimento e orgulhosos por colocar o Salvador Bahia Airport e a Vinci Airports como referência em sustentabilidade no Brasil. Os projetos em prol do meio ambiente são parte importante da nossa estratégia porque acreditamos que um negócio só se sustentará se tiver condições de estar em harmonia com o planeta”, enfatiza.
O gerente de Meio Ambiente aponta, ainda, que a economia financeira proporcionada pelas iniciativas relativas à sustentabilidade tem auxiliado também durante o período atual, em que há menor demanda por viagens aéreas devido à pandemia do coronavírus. Somente no primeiro trimestre do ano, o Salvador Bahia Airport registrou uma queda de 9,4% na circulação de passageiros. Boa parte dessa redução aconteceu na segunda quinzena do mês de março após a implementação de medidas de distanciamento social e restrição de deslocamentos por conta do início da pandemia do novo coronavírus no país.
“Nossos projetos ambientais contribuem positivamente para a economia financeira. Porém, não temos como mensurar com precisão essa redução de custos porque este é o primeiro ano após a ampliação do terminal de passageiros”, afirma Tavares.
PRÓXIMA EDIÇÃO DO PROJETO AERÓDROMOS SUSTENTÁVEIS ESTÁ PREVISTA PARA O FIM DO ANO
O projeto Aeródromos Sustentáveis foi iniciado pela Anac em dezembro de 2019. Segundo informações da agência, o levantamento, que não tem caráter regulatório, é parte de um conjunto de ações que visam contribuir para o desenvolvimento de um setor aéreo sustentável no país. Para avaliar as práticas adotadas no país, a Anac convidou os aeroportos a participar voluntariamente por meio de chamamento público.
A próxima edição da pesquisa está prevista para o fim deste ano. Assim como na primeira vez, a adesão dos aeroportos deverá ser feita de forma voluntária e gratuita. Os interessados em saber mais sobre a iniciativa podem acessar a classificação completa dos participantes e os critérios de avaliação do projeto Aeródromos Sustentáveis por meio deste link .
Fonte: Procel Info – Débora Anibolete – 06/07/2020
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