Green Buildings: 5 edifícios sustentáveis para inspirar o futuro

Se, ao imaginar edifícios sustentáveis, você pensa apenas em uma construção com terraço verde ou com sistema de energia fotovoltaica, acredite: não necessariamente essa construção é menos impactante ao meio ambiente que um prédio convencional. Para serem considerados sustentáveis, os green buildings precisam seguir uma série de parâmetros e receber certificações que atestem sua eficiência na gestão de impacto ambiental.

A isso relaciona-se não apenas à produção de energia renovável ou paisagismo sustentável, mas também requisitos que controlem o consumo de energia, água, carbono e resíduos, ou ainda construções que sejam planejadas para a sustentabilidade desde sua edificação, como exemplifica o diretor técnico de Energias Renováveis da Petinelli Soluções em Green Buildings, Rafael Ribeiro Sabetzki.

Quando falamos que um edifício é sustentável é porque ele não só consome menos energia, mas pode gerar a própria energia, não só consome menos água, mas pode potabilizar e reutilizar a água da chuva.

O planejamento sustentável vai além das tecnologias aparentes que os edifícios comportam, levando em consi­deração todo um sistema externo de fatores. Edificações que sejam acessíveis ao transporte público, por exemplo, podem reduzir o uso de carro dos usuários até o edifício, diminuindo também a emissão de gás carbônico na atmosfera.

Segundo Ribeiro, a tendência dos empreendimentos nos próximos anos é o consumo autossuficiente, edifícios que geram e se responsabilizam por tudo aquilo que consomem: energia, água, resíduos e carbono. “Autossuficiência não é simplesmente instalar painéis fotovoltaicos, é ter uma altíssima eficiência energética para reduzir o consumo, somado à própria geração de energia renovável com o que for necessário”, explica.

A certificação de maior abrangência mundial de edifícios sustentáveis é o LEED – Liderança em Energia e Design Ambiental, concedida pela instituição norte-americana Green Building Council (GBC). No Brasil, são mais de 1.450 projetos registrados, avaliados segundo um ranking de pontuações de acordo com os requisitos apresentados pela organização.

Confira cinco edifícios que são exemplos de sustentabilidade em diferentes países:

Janelas triangulares que contornam todo o prédio oferecem eficiência energética ao privilegiar a entrada de luz natural durante todo o dia.| Bigstock

KUGGEN (GOTEMBURGO, SUÉCIA)
Uma das atrações turísticas de Gotemburgo, na Suécia, é o Kuggen – dente, em português – um edifício colorido de cinco andares que se assemelha a uma roda dentada, por suas geometrias e formato circular. A cada andar acresce em diâmetro, característica que dá sensação de movimento e projeta sombra nos andares mais baixos.

Idealizado pelo escritório de arquitetura Wingårdh Arkitektkontor, o prédio é inovador no design arquitetônico tanto na área externa, em seu formato e paleta de cores vermelhas, como na interna, onde uma longa escadaria em espiral é a principal rota de circulação no edifício.

Mas a inovação não fica apenas na arquitetura, o edifício inaugurado em 2011, que sedia a Universidade de Tecnologia de Chalmers e o Parque da Ciência, é também um exemplo de sustentabilidade. As janelas triangulares que contornam todo o prédio oferecem eficiência energética ao privilegiar a entrada de luz natural durante todo o dia. O ganho no controle de consumo é somado a um sistema de energia solar, captado por uma placa fotovoltaica que se move no sentido do sol em torno da construção, e do sistema de ventilação e iluminação ativados por movimento.

Primeiro hospital verde do mundo, o Ospedale dell” Angelo usa o paisagismo verde como um estímulo de tratamento humanizado.| Ambasz

OSPEDALE DELL”ANGELO (VÊNETO, ITÁLIA)
Projetado em 2008 pelo arquiteto argentino Emilio Ambasz, o Ospedale dell”Angelo, localizado em Vêneto, na Itália, é considerado o primeiro hospital verde do mundo. O edifício conta com uma superfície total de 260 mil m² e fica localizado na área rural da cidade.

O conceito do projeto utiliza o paisagismo verde não só como sustentabilidade, mas como um estímulo de tratamento humanizado aos pacientes. A fachada em vidro privilegia a vista de quem está dentro do hospital para a vegetação ao redor do complexo, composta por bosques e lagos. Mesmo o estacionamento do hospital é no subsolo, de modo a não perturbar a paisagem verde. Além disso, no interior do prédio há um grande jardim que atravessa a estrutura, formando uma estufa com árvores, flores e plantas aromáticas. A escolha pela estrutura envidraçada permite a entrada de luz natural e isola os ruídos externos, garantindo mais conforto aos pacientes.

Uma arquitetura que planeje ambientes agradáveis aos usuários, como é o caso do hospital ao projetar um espaço que auxilie no tratamento médico, também está relacionada ao conceito de um edifício sustentável, como explica Rafael Ribeiro. “É importante frisar que quando falamos de green buildings estamos falando não só de edifícios sustentáveis e eficientes, mas principalmente de edifícios confortáveis. A pessoa tem que se sentir bem no espaço sem que ele impacte negativamente o meio ambiente”.

BOSCO VERTICALE (MILÃO, ITÁLIA)
Também na Itália, outro projeto que é exemplo de sustentabilidade foi idealizado pelo arquiteto italiano Stefano Boeri. O Bosco Verticale, localizado em Milão, é o primeiro conjunto habitacional com floresta vertical no mundo. Os dois prédios que compõem o projeto, um de 80 e outro de 112 metros, abrigam mais de 800 árvores de pequeno a grande porte e milhares de plantas rasteiras e arbustos distribuídos no entorno dos apartamentos.

Além de exemplo sustentável, os edifícios se tornaram um ponto de referência na cidade pelo atrativo visual arquitetônico: suas cores variam de acordo com as estações do ano conforme as mudanças geradas na vegetação.

Em 2014, ano em que foi inaugurado, recebeu o International Highrise Award, premiação internacional que elege arquiteturas sustentáveis e projetos modelo de design. O conceito da obra é promover a formação de um ecossistema urbano que preserve a biodiversidade da fauna e flora, abrigando não só espécies vegetais, mas sendo habitat de aves e insetos.

Além da filtragem da poluição do ar urbano, a fachada verde produz oxigênio e umidade que favorece um isolamento acústico e proporciona a criação de um microclima capaz de garantir sombra durante o verão, quando a vegetação cresce, e luz no inverno, quando as plantas ficam secas. Essas mudanças qualificam o consumo energético dos prédios, que também é gerado a partir de sistemas de energia eólica e fotovoltaica instalados nas duas torres. A irrigação é feita com água da chuva, que é reaproveitada também para abastecer o consumo de água nos apartamentos.

Inspirado no Bosco Verticale, o Brasil já tem um edifício habitacional que segue o mesmo conceito de floresta vertical. O Seed (semente em inglês), localizado em São Paulo, propõe um paisagismo sustentável com vegetação da Mata Atlântica e árvores frutíferas de até 6 metros, cultivadas em terraços de 4,8 m² em cada apartamento.

Edifício tem a primeira certificação LEED Zero Water no mundo, qualificação que atesta a autossuficiência em água. | Divulgação

EUROBUSINESS (CURITIBA, BRASIL)
Edifício tem a primeira certificação LEED Zero Water no mundo, qualificação que atesta a autossuficiência em água. | Divulgação
O Brasil não fica atrás nas construções que têm mudado o mundo em sustentabilidade – nem Curitiba. Na cidade, o edifício comercial Eurobusiness conquistou, em 2019, a primeira certificação LEED Zero Water no mundo, qualificação que atesta a autossuficiência em água.

O prédio tem captação da água da chuva e um sistema próprio para o tratamento de esgoto, com o uso de minhocas, bactérias, fungos e protozoários, que tratam todos os resíduos sem adição de produtos químicos e de modo que não haja descartes na rede de saneamento. Foi o primeiro empreendimento do Sul do Brasil a receber, em 2016, o selo LEED Platinum pelas ações sustentáveis – a mais alta certificação oferecida.

O edifício consome metade da energia de uma construção desse porte, com destaque para elevadores e sistemas de refrigeração sustentáveis, além da produção de energia por painéis fotovoltaicos instalados no telhado do prédio.

Prédio é considerado uma das arquiteturas mais eficientes do mundo.| Bigstock

BANK OF AMERICA (NOVA YORK, EUA)
Prédio é considerado uma das arquiteturas mais eficientes do mundo.| Bigstock
O Bank of America Tower, em Nova York, tem 366 metros e é um dos mais altos da cidade. Mas tamanho não é documento quando se trata de sustentabilidade. Inaugurado em 2009 e projetado pela Cook+Fox Architects, o edifício é considerado uma das arquiteturas mais eficientes do mundo, o primeiro a receber uma Certificação LEED Platinum.

A preocupação com o meio ambiente começou na construção: sua matéria-prima é concreto manufaturado de escória, um subproduto de carvoarias que libera menos carbono na atmosfera em sua fabricação. Além disso, o edifício é projetado para ter eficiência e compensação energética: a construção em vidro, que prioriza o uso de luz natural e isolamento de temperatura interna, soma-se à autossuficiência em eletricidade renovável através da energia fotovoltaica.

Em relação ao consumo de água, o prédio não utiliza água nos mictórios e possui um sistema de coleta de água da chuva para os vasos sanitários e resfriamento do prédio. A refrigeração é feita a partir de um sistema que produz grandes quantidades de gelo, que auxiliam no controle da temperatura do edifício em horários de pico de calor. A sustentabilidade também está na filtragem do ar, o edifício possui um sistema de captação de ar no telhado que passa por uma purificação antes de ser liberado no interior do prédio, oferecendo ambientes de ar fresco e limpo.

Fonte: Gazeta do Povo – Heloisa Nichele (especial para a HAUS) – 07/04/2020

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