Salvador estará no epicentro das discussões sobre o combate às mudanças climáticas, com a realização da Latin America and Caribbean Climate Week (LACCW), de 19 a 23 de agosto. A Semana do Clima antecede a esperada reunião do clima da ONU, a COP 25, que será em dezembro, no Chile. São esperados intensos debates em torno da transição energética, precificação de carbono, mobilidade urbana, cidades sustentáveis entre outros. Oito instituições não-governamentais se uniram para explicar tudo que você precisa saber sobre a semana do clima.
A atual crise climática consiste no principal vetor de riscos e oportunidades para a economia e a sociedade. Essa avaliação é confirmada pelo Relatório Anual de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial, baseado em um levantamento junto a lideranças políticas e de negócios do mundo inteiro, apontando que o risco climático está no topo das preocupações de investidores, pesquisadores e tomadores de decisões. Além disso, 24 milhões de novos empregos podem ser criados globalmente até 2030, se forem implementadas as políticas certas para promover uma economia mais verde, segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Em 2019, impactos gerados por eventos climáticos extremos, desastres naturais e por falhas na adoção de medidas de mitigação e de adaptação figuram entre os dez maiores riscos apontados. Estimativas apontam que o total de ativos em risco em todo o mundo, em decorrência das mudanças climáticas, possa alcançar a cifra de US$ 43 trilhões até o fim do século. Entre os riscos, o aumento de custos de produção, a preferência do consumidor por produtos menos carbono intensivos e o aumento da competitividade devido à adoção de alternativas tecnológicas nos processos produtivos.
Por que esse evento é tão importante?
Os efeitos da ação do homem na questão das mudanças climáticas e da ameaça ao planeta é consenso por mais de 97% dos cientistas e evidenciado por tempestades e secas extremas em todas as partes do mundo. Países, ONGs e empresas se mobilizam para reagir e evitar uma deterioração irreversível do equilíbrio térmico. Por isso, no Acordo de Paris, na COP21, estabeleceu-se uma meta (1,5ºC) para limitar o aumento da temperatura global em relação aos níveis da era pré-industrial. Foi um grande avanço em prol do planeta. Na COP24, no ano passado, avançamos na formalização das regras de implementação do acordo que entra em vigor em 2020. Mas há ainda pontos em aberto que dependem de definição brasileira. E as discussões em Salvador podem dar diretrizes do posicionamento que será levado à próxima COP25, que acontece no Chile em dezembro.
A mudança climática é um desafio real e material para todos, inclusive para os negócios. A economia global já começa a mover o mundo em direção ao futuro de baixo carbono e o Brasil é um dos países com maior potencial para se tornar um dos líderes dessa nova economia. Um clima equilibrado significa crescimento econômico e estabilidade – acesso a energia limpa, transporte sustentável, saúde, etc. Por isso, o CDP, Instituto Arapyaú, Coalizão Clima Floresta e Sociedade, IEMA, iCS, WRI Brasil, WWF-Brasil e CEBDS atuam ativamente para implementar o Acordo de Paris e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU.
CEBDS e o clima no Brasil
Para o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), o impacto das mudanças climáticas nos negócios vem exigindo ações concretas das empresas, que investem em novas tecnologias e em eficiência energética para mitigação de gases de efeito estufa. Em estudo divulgado na COP 24, (que está sendo atualizado este ano em parceria com a WWF), o CEBDS – que representa 60 grandes empresas, com faturamento equivalente a 45% do PIB do País – apontou que empresas investiram US$ 85 bilhões entre 2015 e 2017 para reduzir suas emissões, com projetos como de eficiência energética, por exemplo.
Na publicação “Agenda CEBDS por Um País Sustentável”, o Conselho apresenta ao novo governo brasileiro 10 propostas para acelerar o ritmo da transição para uma economia de baixo carbono, das quais seis estão relacionadas à energia. Uma delas conta com estudo para implementação do mercado de carbono no País. Na Semana do Clima, O Conselho discutirá efetivamente a implementação deste mercado, bem como os avanços da precificação interna de carbono nas empresas em workshop sobre o artigo na segunda (19), painel sobre precificação de carbono no mesmo dia, e outro sobre mudanças climáticas na terça (20).
Os principais periódicos internacionais estão de olho no que vem sendo discutido em torno da Amazônia, sim, mas não se trata só disso. Estarão em Salvador CEOs, CFOs, e dirigentes de grandes empresas, instituições públicas e privadas, além das autoridades não só ligadas ao meio ambiente, mas ao Ministério da Economia e Ministério da Agricultura de diversos países da América Latina, além do Brasil, claro.
A programação completa do CEBDS na Climate Week, você encontra aqui.
Fonte: CEBDS – 15/08/2019
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