A energia solar fotovoltaica tem apresentado taxas de crescimento expressivas no Brasil, ultrapassando a marca 2,5 GW de capacidade instalada em fevereiro de 2019. Mais da metade dos novos projetos entraram em operação em 2018. Apesar de ainda ser a 7ª fonte em potência instalada na matriz elétrica do País, o setor movimentou impressionantes R$ 9 bilhões só em 2018, de acordo com levantamento da CELA (Clean Energy Latin America). Este valor sinaliza a oportunidade que a tecnologia representa para a sociedade brasileira, especialmente aos consumidores e ao setor, mas também aponta um desafio em termos de financiamento para seu crescimento continuado.
Em 2018, os principais bancos de desenvolvimento do Brasil financiaram R$ 5,1 bilhões em projetos da fonte solar fotovoltaica. Outros R$ 485 milhões foram viabilizados por meio da emissão de debêntures, cada vez mais competitivas. O restante dos R$ 9 bilhões movimentados pelo setor naquele ano foi obtido por meio de capital do próprio investidor (equity), bem como das demais opções de financiamento disponíveis no mercado.
Em linha com o histórico de países com mercados mais maduros, como os Estados Unidos, onde há oferta de inúmeros produtos financeiros para a energia solar fotovoltaica, as instituições financeiras do Brasil estão ganhando mais experiência com projetos da fonte. Alinhadas às recomendações trazidas pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), muitas instituições financeiras atuantes no País têm desenvolvido novos produtos financeiros, bem como aprimorado produtos já existentes, uma excelente notícia para o mercado. Esta é uma das principais conclusões do recente mapeamento de linhas de financiamento para projetos solares fotovoltaicos no Brasil, realizado pela Absolar em parceria com a CELA, lançado em fevereiro de 2019.
O estudo foi elaborado para auxiliar o mercado na busca, análise e seleção de opções de financiamento (dívida) apropriadas para projetos de energia solar fotovoltaica. As informações, atualizadas periodicamente, já estão disponíveis gratuitamente aqui.
De acordo com o levantamento, as opções disponíveis são inúmeras e diversificadas, com 70 produtos de crédito de 26 instituições financeiras distintas, tanto públicas quanto privadas, confirmando a abrangência e o interesse dos agentes financeiros neste mercado promissor e com forte crescimento. Há linhas de financiamento disponíveis para empresas (PJ) e cidadãos (PF) que buscam reduzir seus gastos com energia elétrica por meio da energia solar fotovoltaica.
A maioria das linhas de financiamento é destinada a projetos de pequeno e médio portes (até 5 MW). O motivo está no crescente número de projetos – já são mais de 60 mil sistemas de geração distribuída solar fotovoltaica em operação no Brasil. Em termos de montantes financeiros disponíveis, no entanto, os maiores financiamentos são voltados a projetos de grande escala. Do total, 44% das linhas de financiamento podem ser acessadas por PJs e PFs, outros 44% estão disponíveis somente para PJs, e 12% são exclusivas para PFs.
A ampliação da oferta de crédito e a continuada redução no preço da energia solar fotovoltaica são fundamentais para democratizar o acesso à tecnologia aos consumidores públicos e privados. Com a geração distribuída solar fotovoltaica, os brasileiros ganham mais liberdade, poder de escolha e controle na gestão da sua conta de energia elétrica. Por sua vez, com a geração centralizada, o País conta com energia limpa, competitiva e previsível. Graças às linhas de financiamento, mesmo quem não tiver recursos próprios pode se tornar um gerador de energia renovável.
Apesar das diversas linhas disponíveis, ainda existem importantes barreiras a serem superadas: (i) o acesso à informação sobre financiamento; (ii) a curva de aprendizado das instituições financeiras sobre os baixos riscos da tecnologia; (iii) a agilidade na aprovação do crédito com base em critérios padronizados de projetos e contratos (inclusive no ACL); (iv) a dificuldade das empresas em escolher linhas mais adequadas a seus projetos; e (v) a necessidade de apresentação de garantias para a concessão do crédito são alguns dos desafios enfrentados.
Há diversas iniciativas possíveis para superar essas barreiras. Por meio de seu Grupo de Trabalho de Financiamento, a Absolar, em conjunto com seus associados e instituições financeiras, tem atuado ativamente na superação desses obstáculos. A divulgação de informações sobre os instrumentos financeiros disponíveis para a energia solar fotovoltaica é exemplo deste empenho setorial. Com o amadurecimento do mercado, teremos um aumento cada vez maior na experiência das instituições financeiras na análise de crédito ao setor, contribuindo para acelerar o acesso à tecnologia. Assim, os consumidores brasileiros poderão aproveitar cada vez mais os benefícios provenientes da fonte solar fotovoltaica e aliviar seus orçamentos com o poder do sol.
*Camila Ramos é Diretora da CELA (Clean Energy Latin America)
*Rodrigo Sauaia é CEO da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar)
*Ronaldo Koloszuk é presidente do Conselho de Administração da Absolar
Fonte: Procel Info – 03/05/2019
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