Aneel testa corredor elétrico do Sul

Rio de Janeiro – A Aneel e a GIZ (agência alemã de cooperação internacional) divulgaram relatório sobre a missão técnica realizada em novembro do ano passado para testar a usabilidade do Corredor Elétrico Sul, entre as cidades de Curitiba (PR) e Florianópolis (SC). O corredor de aproximadamente 400 km foi percorrido com dois veículos elétricos com características diferentes: o BMW i3 e o BYD e6, ambos de 2014.

Os cinco eletropostos testados na missão tinham características distintas. Foram identificados três tipos de conectores (CCS, ChaDeMo e AC) e dois tipos de carregamento: rápido e semirrápido. Em três deles, foi possível realizar o carregamento simultâneo dos veículos. No último, em Florianópolis, havia disponibilidade de baterias de lítio, o que garante o carregamento mesmo sem abastecimento da rede.

Atualmente, o Corredor Elétrico Sul conta com sete eletropostos, instalados entre 2016 e 2017. Durante a fase dois do projeto Eletroposto Celesc, o corredor será expandido no sentido sul da BR 101. Após a conclusão das instalações na rodovia, os eletropostos avançarão com sentido ao interior do estado. Estão previstas três novas estações rápidas e 25 novas estações semirrápidas, com possibilidade do aumento do número de estações em função do estabelecimento de parcerias.

As conclusões da missão servirão como uma etapa da Avaliação de Resultado Regulatório (ARR), que deve ser concluída pela Aneel em 2021.

Os veículos

Os veículos utilizados foram cedidos pela Celesc e escolhidos por terem diferentes características de autonomia e carregamento (veja ficha abaixo). Embora o veículo BYD tenha uma autonomia maior, dispensando a recarga em um dos pontos de parada, ele não pôde ser carregado em um dos eletropostos do circuito, por uma limitação técnica.

A constatação dos pesquisadores é que o veículo BMW dispõe de menor autonomia, porém de maior eficiência. Em todos os trechos, o BMW consumiu menos do que o BYD. Por ter um conjunto menor de baterias, oi3 se torna mais leve. Além disso, tem uma autonomia extra com um motor a combustão.

Além da autonomia, o relevo da via é ponto importante para planejar a localização das estações de recarga, considerando tanto a distância entre estações e quanto a necessidade de estações em ambos os sentidos das estradas.

Histórico

Em junho de 2018, a agência aprovou as regras para a prestação do serviço de recarga de veículos elétricos no Brasil, permitindo a participação de qualquer agente interessado em participar desse mercado. A regulação é mínima e, em tese, qualquer agente interessado, de empresas de aluguel de carros a shopping centers, pode oferecer o serviço. Também não há um modelo de precificação, que pode ser realizada em kWh ou minutos. A ideia é que os agentes explorem as possibilidades comerciais.

A MRV, por exemplo, testa a instalação de carregadores em seus empreendimentos residenciais, fornecendo a recarga gratuitamente. Em parceria com a Renault, a construtora está disponibilizando veículos para mobilidade compartilhada em um de seus condomínios em Minas Gerais.

As montadoras de veículos, por sinal, são claramente interessadas no desenvolvimento da infraestrutura de recarga. No Sudeste, também está em funcionamento um “corredor elétrico” de mais de 400 km, ligando as capitais São Paulo e Rio de Janeiro, em projeto conjunto da EDP com a BMW.

A disponibilidade de infraestrutura de recarga é vista como essencial para o crescimento da frota elétrica. No Brasil, a frota de veículos elétricos ou híbridos acaba de ultrapassar as 10 mil unidades, representando não mais que 0,2% dos licenciamentos anuais. A maior parte desses veículos, 68%, foi emplacada em 2017 e 2018.

A regulação atual do serviço de recarga não prevê, ainda, outras possibilidades comerciais envolvendo os veículos elétricos, como a injeção de energia na rede elétrica. Mas a Aneel deve abrir ainda neste ano um P&D para estudar modelos comerciais para a mobilidade elétrica.

Ficha dos veículos testados

BMW i3 REx (2014)

Capacidade de bateria: 22 kWh

Autonomia: 130 km + 100 km (extensor de autonomia)

Velocidade máxima: 150 km/h (limitado eletronicamente)

Eficiência: 6,95 km/kWh

Custo de rodagem (tarifa Celesc nov/2018): R$ 0,08/km

Comparação de custo para gasolina (valores nov/2018): R$ 0,31/km

Preço de mercado: R$ 179 mil

BYD e6 2014

Capacidade de bateria: 61,4 kWh

Autonomia: 300 km

Velocidade máxima: 160 km/h

Eficiência: 5 km/kWh

Custo de rodagem (tarifa Celesc nov/2018): R$ 0,11/km

Comparação de custo para gasolina (valores nov/2018): R$ 0,31/km

Preço de mercado: R$ 210 mil

Fonte: Brasil Energia

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